Domando cavalos

Ontem logo depois do almoço estive no Juizado Especial Cível; quando cheguei defronte ao balcão deparei-me com uma bela senhora de olhos azuis, que já esperava, há algum tempo, o atendimento.
Nesses encontros, tal como os que ocorrem nos elevadores, os diálogos que se propõem visam a descontração para momentos de mais conforto.
E não há assunto melhor para a “quebra do gelo” do que o tempo. Então, por exemplo, as observações sobre o calor sufocante que tem feito nestes dias, são as de escolha.
Do calor passamos a falar sobre os sorvetes, das suas marcas, dos seus sabores e a propriedade que eles têm de engordar.
Quando minha interlocutora foi informada que não poderia consultar os autos e, ao ser cientificada sobre os próximos atos processuais a serem efetivados, ela conformou-se, fazendo com que a atendente se voltasse para mim.
Ao se afastar em busca do processo que eu lhe pedira, minha nova conhecida segredou-me que “nunca mais entraria com um processo nesse lugar” e que “preferia a morte, do que esperar tanto tempo assim”.
Eu respondi-lhe que é preciso ter muita paciência para lidar com certos assuntos.
Aproveitando a oportunidade passei a contar-lhe um caso que presenciei quando era adolescente.
Falei-lhe que, há muitos anos, as pessoas eram mais rudes, grossas mesmo. Havia gente que, acostumada a lidar com burros e cavalos, chicoteando-os e os esporeando, tratava do mesmo jeito as pessoas.
Esse tipo de “domador” de animais propunha-se a ensinar com muita estupidez, grosseria e hostilidades, todos aqueles julgados merecedores da aprendizagem condizente com a vida saudável no bairro.
Quando a má educação, os maus tratos são as formas dominantes da expressão das pessoas, pode ter a certeza de que as colaborações, quando necessárias, não estarão presentes.
Geralmente a estupidez é fruto também dos preconceitos e prejulgamentos.
Então aquele dito “a gente não sabe porque batemos, mas ele sabe porque está apanhando”, pode ser a regra cruel vigente em determinados grupos.
Neste caso, como naquele do Fórum, há quem se proponha a, com muita paciência, tentar desatar os nós causadores de tantos mal entendidos, agressões e injustiças.
Sem dúvida nenhuma que as apurações das possíveis infrações aos artigos do Código Penal que tratam da calúnia, difamação e injúria estarão presentes.

Sobre Fernando Zocca

Fernando Antônio Barbosa Zocca é brasileiro, casado, advogado e blogueiro, publica seus textos na Internet há mais de 10 anos tendo iniciado no site usinadeletras.com.br. Foi funcionário da prefeitura municipal de Piracicaba por seis anos. Advogou na comarca de Piracicaba por mais de 20 anos e hoje pratica a caminhada, o ciclismo e a corrida. Em 1982 publicou seu primeiro romance Rosas para Ana.
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