O pau que nasce torto e que, teoricamente morreria torto, se fosse um cãozinho, deveria aprender a conviver com os seus semelhantes, para não destoar assim tão ostensiva e agressivamente dos outros.
Pedagogias existem, tanto para os cãezinhos comuns, quanto para os assimétricos.
Cabe aos papais e às mamães o direcionamento dos seus filhotes a fim de que, adestrados, possam conviver no quarteirão sem ladrarem ou atacarem os vizinhos.
O problema, entretanto parece não ter solução se a mamãe cachorrinha também possui disparidade na consolidação do chassis.
Eu quero deixar expresso que não tenho nenhum tipo de preconceito contra os cachorrinhos estropiados. Só não concordo com o fato de serem, as suas deficiências, usadas como desculpa a todos os danos e dissabores que causam aos outros.
As alegações de que cachorrinhos assim não fazem mal a ninguém podem facilmente ser contestadas com a presença dos interessados no local, a fim de comprovarem o desassossego e os danos por eles produzidos.
A cegueira dos parentes próximos para as crueldades dos cãezinhos tortos pode ser confortável. Afinal a negativa da existência dos problemas não deixa de ser uma espécie de defesa da própria paz.
Ou seja, é mais fácil dizer “eu não tenho nada com isso” do que estar presente, todos os dias, para afagar os bichinhos depois de servi-los com a ração e ossos.
As escolas especiais de adestramento exigem certa disciplina dos cachorrinhos morfologicamente prejudicados. Mas compete às mamães cachorrinhas a insistência do comparecimento e da permanência deles nas instituições veterinárias.
Engana-se, e muito, quem acha que cãezinhos tronchos, que latem, não mordem.
Na opinião de muita gente eles são os piores: latem e mordem. Os desajeitados têm a característica de acreditar que, por apresentarem esta ou aquela forma, os olhares a eles dirigidos o são para a chacota.
E quem meu amigo leitor, quem se disporia a dizer que, apesar deles serem feios, pobres e desengonçados, ainda assim possuem algo de venerável?
Eu, por estar escolado no assunto, – já levei mordidas que me doem até hoje – não me atrevo nem a chegar perto.
Você tem dó, compaixão?
Adote. Leva um deles pra casa.
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