Bens públicos

Excetuando os casos evidentes de idiotia, é bastante difícil acreditar que ainda existe quem nunca tenha ido ao cinema.
Você pode não acreditar, mas há sim, quem não consiga ler e compreender notícias simples de jornal.
Os que tiram proveito econômico, ou politico, desse tipo de fenômeno garantem que a ausência de entendimento dos noticiários da TV, ou do rádio, não passa do resultado da concentração das imensas doses de preguiça.
Sim, mas a preguiça, – dirá meu astuto e preclaro leitor – pode ser muito relativa. Ou seja, a sua conceituação depende do ponto de vista de quem a conceitua.
Por exemplo: para o cortador de cana, vagabundo é todo aquele que não trabalha como ele o faz.
Assim, para o sujeito que usa os músculos para ganhar a vida, todos os demais como artistas, professores, cientistas, médicos, advogados e engenheiros, não deixam mesmo de ser os verdadeiros “braços curtos”.
Entretanto acredita-se que a educação – apesar de ser impossível fazer funcionar corretamente um bólido de fórmula 1, com motor de fusca 1600 – possa ser o caminho para a pacificação de certos trechos do bairro turbulento.
Dessa ideia surge a noção de que “quem nasceu goiabeira nunca será videira” não é muito correta, e tudo pode se acomodar.
Sim, nada contra, mas a escola e os professores devem ser especialistas.
Afinal, os componentes dessa turma de educandos carecem do entendimento propiciador dos comportamentos sociais condizentes com a paz.
Longe de nós qualquer tipo de preconceito, mas a paz, a tranquilidade, a harmonia são bens públicos passíveis de exigência do poder público.
As autoridades não podem negar-se a cumprir a legislação pertinente ao assunto, sob a alegação de que “a culpa” de todas as perturbações seja das “vitimas”.
Aceitar essa tese é o mesmo que validar o crime do exercício arbitrário das próprias razões (linchamento).
Em todo caso, apesar dos esforços da parentela e da comunidade em tentar fazer funcionar programas avançados de computador em suportes físicos inadequados, ou de outorgar a gerência dos negócios comerciais a pessoas habituadas aos trabalhos de reciclagem, a cidade torce para que todas as quizumbas tenham bons termos.
Eu também.

Sobre Fernando Zocca

Fernando Antônio Barbosa Zocca é brasileiro, casado, advogado e blogueiro, publica seus textos na Internet há mais de 10 anos tendo iniciado no site usinadeletras.com.br. Foi funcionário da prefeitura municipal de Piracicaba por seis anos. Advogou na comarca de Piracicaba por mais de 20 anos e hoje pratica a caminhada, o ciclismo e a corrida. Em 1982 publicou seu primeiro romance Rosas para Ana.
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