A Ponta do Iceberg

A ponta do icebergMesmo nestes tempos em que os animais ganharam a proteção das leis, a gente não deixa de presenciar alguns maus tratos que os vitimam.
Não é raro ouvir o ladrido dos cães que, no fundo do quintal de alguns cruéis, são torturados, recebendo como castigo, quase que diariamente, a expressão das loucuras, das psicoses, que não chegam aos psiquiatras.
Malucos descontam nos bichos as frustrações, a ignorância, a agressividade e o desamor que têm por si mesmos.
Então você pode ouvir, como desculpa de quem dolosamente atropelou o cachorro do vizinho, a lengalenga de que não viu o infeliz no meio da via.
O coração do sujeito, quando é mau, não deixa de ter na sua coleção de perversidades, o açular frequente dos totós; esse estressar diário, com hora marcada, impõe tanto sofrimento às vítimas, que o abandono, no mínimo, seria mais confortável.
O proceder atroz, dessas pessoas maldosas, é indicativo de que pouca ou nenhuma solidariedade, compaixão ou piedade, têm de quem que seja.
Mesmo assim há quem alegue que esse agir maligno seja fruto dos corações doentes, sofredores, carentes de amor e carinho. Mas quem se habilitaria a sanar tantos focos doentios?
Você notará que essa judiação contra os bichos indefesos pode ser só a ponta do iceberg.
Então se uma investigação eficaz descobrir pedofilia, abusos sexuais contra enteados, estupros, com o consentimento da mãe das vítimas, praticados desde há muito e muito tempo, não haverá novidade, espanto nenhum.
Quem se habilitaria a denunciar às autoridades as graves e frequentes infrações às leis?
Pode ter a certeza de que os que tiveram suas pretensões judiciais – tanto as cíveis quanto as criminais, relacionadas ao caso – rechaçadas, teriam razões debilíssimas para propor qualquer inicio de movimento das autoridades competentes.
Enquanto isso, as surras diárias continuam.
Pobres cães!!!!

Sobre Fernando Zocca

Fernando Antônio Barbosa Zocca é brasileiro, casado, advogado e blogueiro, publica seus textos na Internet há mais de 10 anos tendo iniciado no site usinadeletras.com.br. Foi funcionário da prefeitura municipal de Piracicaba por seis anos. Advogou na comarca de Piracicaba por mais de 20 anos e hoje pratica a caminhada, o ciclismo e a corrida. Em 1982 publicou seu primeiro romance Rosas para Ana.
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