Quase ninguém acredita no poder maligno que pode ter um sujeito capaz de arregimentar multidões e com elas alçar reiteradamente os postos de mando duma cidade.
O descaramento pode chegar ao extremo de eliminar gente, simplesmente para provar suas profecias fajutas e danosas a todos aqueles que ousam interpor-se nos seus caminhos.
Bandidos antes usuários das técnicas mais sutis de assassinato, do que das dos modos violentos, são capazes de, desviando milhões e milhões de reais dos cofres das cidades, dos estados e da união, simular jogos públicos em certos programas de rádio e TV onde, investindo os valores roubados, constroem verdadeiras bases de apoio ao status quo infernal.
Dessa forma você percebe a existência de mandatos de vereador, por exemplo, com tempo mais longo do que o de Pedro II no trono.
Os sujeitos não se envergonham de repetir duas, três, quatro, cinco, seis e até sete legislaturas seguidas durante as quais, ocupando as mais rentáveis sinecuras brasileiras, enriquecem a olhos vistos, para o gáudio dos familiares e tristeza dos demais.
Numa ocasião ouvi, durante uma viagem de ônibus que fazia ao Rio de Janeiro, uma jovem que, falando ao telefone comunicava sob as ondas talvez do ciúme o desabafo: “… quem te deu este apartamento foi o povo da minha cidade, por intermédio das mágicas corruptivas do prefeito safado.”
Do jeito que a diferença entre ricos e pobres está cada vez maior e diante da certeza de que os salários comuns são incapazes de produzir tantas gentilezas, não dá mesmo pra descrer.
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