Quem quando moleque, tendo um parente considerado surdo, não se interessaria pelo surdíssimo Ludwig Van Beethoven, que dentre outras, escreveu a Sinfonia nº 5 em dó menor, op. 67; pelo pintor holandês Vincent Van Gogh, que pintou Os Girassóis; pelo compositor russo Pyotr Ilyitchc Tchaicowsky, que compôs Iolanda, e, por tabela, a mística também russa, Elena Petrovna Blavatski?
Qual garoto não curtiu a mimosa cachorrinha alvinegra, pintinhos amarelos, tartaruga, papagaio, patos, coelhos e um barulhento, incansável, casal de saguis?
O loro que tínhamos em casa vivia a destruir, com seu bico afiado, o poleiro, mesmo estando sempre saciado com as sementes de girassol, seu prato predileto.
O papagaio, depois de alguns anos, foi doado a alguém conhecido; a tartaruguinha, esquecida ao sol, numa bacia de alumínio com pouca água, foi encontrada morta; o mesmo fim teve um dos pintinhos amarelos, esmagado pelo pisão descuidado, num vir de afasto involuntário de alguém; os coelhos infectados com doença nos pés, logo enfermaram gravemente antes de morrerem; os três patos, levados ao vizinho corajoso, e voltarem decapitados, viraram refeição.
Quem não se interessaria pela história das meninas Alice, Lorina e Edith, filhas do deão Liddell, da Christh Church, Oxford, Inglaterra, que ao visitarem frequentemente uma coleguinha, eram fotografadas pelo irmão dela, o diácono, matemático e escritor inglês Charles Lutwidge Dodgson, que sob o pseudônimo de Lewis Carrol, escreveu em 1865, Alice no País das Maravilhas e, em 1871 Alice no País dos Espelhos, se a sua primeira professora, aquela do grupo primário, não se chamasse Alice?
E por que não conhecer as regras do Rugby, aquele tipo de “futebol americano”, onde a bola, em vez de esférica é oval, quando se sabia que Lewis Carrol, fizera em Rugby e Richmond, o curso de matemática, sendo ordenado diácono, em 1861?
Como não se espantar alguém com o Euclid and his Modern Rivals, obra daquele competentíssimo fotógrafo, escritor, ante o fato de que um dos zeladores do Grupo Escolar, que chegava diariamente pro trabalho, pedalando a sua bicicleta, chamar-se Euclides?
Diga-me querido leitor, como não participar de todas as aulas de teosofia, sendo inclusive diplomado no final do curso, sem nem ao menos saber que a idealizadora da filosofia, Elena Blavatski (foto), nascida a 12 de agosto de 1831, que escreveu Isis sem Véu, se não fosse pelo interesse legítimo em desvendar certos “mistérios”?
E como deixar de se sentir de certa forma, muito mal, diante da oposição entre essa filosofia, a ciência, o catolicismo e as demais teologias?
Como crer nos políticos antigos que não visam quase mais nada, durante a gestão, que não seja o bem próprio, o dos seus familiares e amigos, em detrimento dos interesses das coletividades, que os elegeram?
Como reeleger vereadores que negam veementemente não trabalhar contra os interesses da população, mesmo quando se recusaram a instaurar a Comissão Parlamentar de Inquérito que teria por objetivo investigar as causas dos aumentos, inexplicáveis e abusivos, nas contas de água dos consumidores da cidade?
Como não se sentir coautor dos crimes de lesa-pátria, praticados por gente eleita com o seu voto?
Por estas e outras questões propomos algumas mudanças na constituição da república: a primeira seria a limitação das reeleições; a segunda seria a mudança na regra que determina ser obrigatório o voto.
É claro que por causa disso não deixariam de acontecer os crimes de corrupção. Mas, pelo menos, o eleitor teria a certeza de que, em caso de “pisadas na bola”, feitas por aqueles candidatos chatíssimos, eles as fariam sem a sua participação.
E mesmo que os tais eleitos se destacassem por gestões transparentes, límpidas, profícuas, as possíveis supostas consciências dolorosas do arrependimento, não teriam tanto sentido, para todos os que não tivessem interesse nas suas eleições.
Pode crer.
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