Ruptura

Na administração do Estado brasileiro há três poderes distintos: o executivo, o legislativo e o judiciário.
Estas instituições existem nos níveis municipais, estaduais e federal. Então a gente tem o executivo municipal ocupado pelo prefeito, o estadual pelo governador do estado e o federal pelo presidente da república.
O legislativo municipal é formado pela câmara de vereadores; o estadual pela assembléia legislativa e o federal pela câmara dos deputados e senado.
O judiciário tem suas funções exercidas no âmbito estadual e federal. No Brasil não há a figura do juiz municipal.
Teoricamente estas instituições deveriam ser independentes umas das outras e funcionarem de forma autônoma.
Geralmente é isso mesmo o que acontece. Mas quando emperra, meu amigo… Sai de baixo…
Quando não há consenso entre os dirigentes de dois ou mais poderes, o clima da situação pode se assemelhar ao do casal desarmônico em cujo lar predominam as discussões e bate-bocas infindáveis.
As desinteligências e os desentendimentos que alimentam os “barracos fenomenais”, diários, diuturnos, desassossegam os filhos, os vizinhos e os parentes mais próximos.
Mas quando há muita sintonia, cumplicidade, nem mesmo “os desvios de conduta” conhecidos como fraudes licitatórias, apropriações indébitas, e anormalidades mil, são denunciadas perdurando durante muito tempo, o benefício de uns poucos, em prejuízo da maioria.
Se no lar complicado as relações podem ser dissolvidas com a separação, o divórcio, na gerência dos poderes públicos há a renúncia, o impeachment e os golpes de estado.
Na América do Sul, a imaturidade politica fazia gerar a ruptura institucional pela forma violenta. Isto é: a substituição dos ocupantes dos postos de mando dava-se mais pela força das armas do que por orientação das leis existentes.
Mas, da mesma forma que quando num casamento não há mais cooperação, bem-estar, harmonia e fidelidade, a separação seja a solução mais habitual e inteligente, na situação governamental a fórmula é semelhante.
Assim, cumpridas todas as formalidades, tanto o Iscariotes, quanto o jogador que marca contra o próprio time, o marinheiro que procura afundar o navio, por não gostar do capitão, ou até mesmo o tripulante do avião que, por não simpatizar com o comandante busca derrubá-lo em pleno voo, precisam mesmo, pegando cada qual o seu bonezinho, pedir licença, disfarçar, fingir estar atrasado pra pescaria e se mandar.
Mesmo que já tenha demorado muito.

Sobre Fernando Zocca

Fernando Antônio Barbosa Zocca é brasileiro, casado, advogado e blogueiro, publica seus textos na Internet há mais de 10 anos tendo iniciado no site usinadeletras.com.br. Foi funcionário da prefeitura municipal de Piracicaba por seis anos. Advogou na comarca de Piracicaba por mais de 20 anos e hoje pratica a caminhada, o ciclismo e a corrida. Em 1982 publicou seu primeiro romance Rosas para Ana.
Esse post foi publicado em Corrupção e marcado , , , , . Guardar link permanente.

Deixe um comentário