O Crime da Rua Nova

 

 

 

 

No dia 26 de julho de 1930, sábado, às 17:20, na confeitaria Glória situada à Rua Nova, em Recife, João Dantas, sob a alegação de que vinha sendo difamado, mata a tiros João Pessoa.

Júlio Prestes, candidato paulista à presidência da República que ganhou, mas não levou.

Júlio Prestes, candidato paulista à presidência da República que ganhou, mas não levou.

Estes momentos de tensão política, e a crise dos dias atuais, nos fazem recordar tempos semelhantes já vividos em nosso país.

De 1889 até outubro de 1930 os esquemas políticos que propiciavam a ocupação dos cargos eletivos da república eram as fraudes cometidas por todos os que participavam das eleições.

Durante esse período alternavam-se no poder as forças políticas mineiras e paulistas. Era a chamada política do café-com-leite e vigeu durante essa fase denominada República Velha até o golpe militar de 1930.

Quebrando o acordo existente entre as lideranças políticas, o paulista Washington Luis, presidente da República, no fim do seu mandato, em vez de indicar o mineiro Antônio Carlos Ribeiro de Andrada como seu sucessor, indica outro paulista o então governador do Estado de S. Paulo Júlio Prestes (foto).

Para concorrer às eleições de 1º de março de 1930 lançaram candidatura Getúlio Vargas, pelo Rio Grande do Sul, que tinha como vice o então governador da Paraíba João Pessoa; Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, que concorria por Minas Gerais e Júlio Prestes por São Paulo.

É claro que, com a tal máquina administrativa sob comando do seu aliado, Júlio Prestes apelidado de paulista de Macaé, O Estradeiro e Doutor Barbado, é eleito.

Entretanto antes do término do mandato de Washington Luis e a posse de Prestes, exatamente no dia 26 de julho de 1930, sábado, às 17:20, na confeitaria Glória situada à Rua Nova, em Recife, João Dantas, sob a alegação de que vinha sendo difamado, mata a tiros João Pessoa.

Este fato e também diante das evidências de fraude, Getúlio Vargas a 3 de outubro de 1930, liderando tropas do Rio Grande de Sul e aliados, interrompem o final do governo de Washington Luis e impedem a posse de Júlio Prestes.

Getúlio ocupa o palácio do Catete em 3 de novembro de 1930 e só sai em 1945.

Durante esse tempo, há a elaboração da Constituição de 1937, a consolidação dos direitos trabalhistas (CLT) de 1943 e outros benefícios às classes populares.

Em 1964 a situação política era também de extrema desordem e preocupação. A conjuntura internacional, entretanto foi preponderante no golpe militar de 31 de março.

Se durante a década dos anos de 1960 o mundo vivia a chamada “guerra fria” isto é, uma disputa ferrenha entre os Estados Unidos e a União Soviética pela predominância das suas formas de produção, hoje não há exatamente isso.

Hoje em dia se existem os golpes, “as puxadas de tapete”, eles o são mais sutis, suaves, menos violentos.

Embora não havendo motivos legais, nas disputas intempestivas pelo poder, criam-se situações capazes de motivar pedidos de impeachment contra a presidência da república.

A república brasileira precisa de reformas urgentes. Dentre as que carecem acontecer referem-se à reeleição de prefeitos e vereadores.

De fato: é inconcebível que um cidadão permaneça mais de 20 anos num cargo legislativo sem deixar de fazer acreditar que mais ninguém teria a capacidade para desenvolver os trabalhos, apresentar as soluções dos problemas administrativos e políticos da cidade além dele.

Outra questão que merece a atenção do legislador constitucional refere-se à obrigatoriedade do voto.

Votar deve ser um direito e não obrigação. O direito, você sabe, pode ou não ser exercido; é diferente da obrigação que, quando não cumprida, conduz a uma sanção, apenamento.

 

Sobre Fernando Zocca

Fernando Antônio Barbosa Zocca é brasileiro, casado, advogado e blogueiro, publica seus textos na Internet há mais de 10 anos tendo iniciado no site usinadeletras.com.br. Foi funcionário da prefeitura municipal de Piracicaba por seis anos. Advogou na comarca de Piracicaba por mais de 20 anos e hoje pratica a caminhada, o ciclismo e a corrida. Em 1982 publicou seu primeiro romance Rosas para Ana.
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