No lugar e hora errados

Sim, meu amigo leitor, Piracicaba agora tem uma escola para vereadores. Tal fato seria trágico se não fosse só hilário.
Segundo dizem, trata-se de coisa feita por gente em lugar e momentos errados.
A EMEV – Escola Municipal de Educação de Vereadores – é uma criação de alguns professores da Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz – ESALQ, que deveriam, na verdade, exercer suas funções educacionais no exato lugar de onde retiram seus primitivos, valiosos e vitalícios proventos.
Informaram-nos que essa papagaiada toda é um arremedo do que foi o Cursinho Luis de Queiroz o – CLQ – formado por estudantes da tal faculdade agronômica da USP em Piracicaba, nas décadas de 1960/1970.
Naquele lendário curso, os mais espertinhos, em fase final de graduação ensinavam, por preços considerados satisfatórios, os menos dotados de versatilidade mental e escolar.
Em que pese a intenção dos proponentes deste fruto de gênios, da politica caipiracicabana, não podemos deixar de notar a eternização do “nós professores” e “vocês alunos” nesses relacionamentos, da câmara legislativa, em que deveriam predominar as teses políticas.
Outros afirmam que além de considerar os vereadores neófitos, tal como os calouros, quando ingressam na faculdade depois do vestibular, uns beócios, burros, dignos de compaixão, os tais professores aproveitariam a ocasião para marcarem a sua ascendência – a cavaleiro – sobre as tais mentes tão pobres e carentes de ciência.
Essa espécie de dominação não resultaria em nada mais do que na maleabilidade política dos novatos, mesmo nas ocasiões em que todo o legislativo fosse forçado a, para manter a coesão interna, sustentar injustiça gritante como foi o caso da fixação dos preços irreais, psicóticos, da água. Quem não se lembra?
É do conhecimento público que esse tipo de política favorece a eternização no cargo eletivo, cuja ocupação deveria ser transitória.
Dentre outros vícios a reiterada permanência das mesmas pessoas, ocupando tais funções, não resultaria em nada menos do que na confusão entre o que seria público e o privado.
Tem fulano que, em decorrência da quarta ou quinta gestão consecutiva, sente-se dono da cidade, da mesma forma que o proprietário duma chácara ou fazenda nos arredores da urbe pobre.
Enquanto isso as funções educacionais, da segurança pública, da saúde, por exemplo, que são encargos obrigacionais de quem é pago para lhes promover o fortalecimento, mirram a olhos vistos.
Dentre os fatos componentes do festival de besteiras que assola Piracicaba, esse da escola para vereadores, é o que mais vergonhosamente se destaca.

Sobre Fernando Zocca

Fernando Antônio Barbosa Zocca é brasileiro, casado, advogado e blogueiro, publica seus textos na Internet há mais de 10 anos tendo iniciado no site usinadeletras.com.br. Foi funcionário da prefeitura municipal de Piracicaba por seis anos. Advogou na comarca de Piracicaba por mais de 20 anos e hoje pratica a caminhada, o ciclismo e a corrida. Em 1982 publicou seu primeiro romance Rosas para Ana.
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